domingo, 12 de janeiro de 2014

OPINIÃO: Cá na terra havia um jornal.

Coisa escorreita e despretensiosa, formato comedido e espessura a condizer, um jornal como deve ser, para mim, que estou ainda com uma mão no século passado, folheando papel, e outra no século presente, portátil à frente.
Por ali se iam contando as novidades do Concelho e arrabaldes, nos chegavam alegrias e mágoas de Nisenses na diáspora, nos eram oferecidos artigos de opinião sobre tudo e mais alguma coisa, colunas sobre a nossa história e património, a inevitável necrologia, assunto grave e circunspecto, entremeado de bodas de ouro e festas de artilheiros, que a vida são dois dias mas o Carnaval são três.
Sei eu, os meus botões e algum infortunado ouvinte ocasional, quantas vezes discordei da linha editorial do jornal.
Mas uma sempre lhe reconheci várias coisas: um constante pôr o dedo na ferida, e para continuar nos provérbios, a frontalidade de sempre chamar os bois pelos nomes, bem como uma convincente honestidade intelectual e uma invejável pluralidade.
Continuo a achar, se calhar e nos tempos que correm, um pouco contracorrente, que o desenvolvimento de um povo é directamente proporcional ao seu nível cultural. Tenho também para mim que a existência e a leitura de jornais são um bom índice de medida desse nível.
 Desconheço porque motivo ou motivos o toque a finados soou para o "Jornal de Nisa". Não sei se vinha já padecendo de doença crónica ou se foi de morte súbita, nem sequer o pude carpir em velório a preceito, só soube da sua sepultura em campa rasa.
Estou hoje mais pobre, este concelho está hoje mais pobre. Subsiste uma versão "online", que me sabe a hamburguer de plástico, fraco substituto do suculento bife a que me habituei.
Porque me faz falta o MEU jornal, nem que seja apenas para criticar as opiniões director!