Autárquicas à vista: vê-se a parra. Mas a uva?
Fez muito bem este jornal, garantindo a sua inequívoca divisa de génese,
como independente, em descortinar desde já as vontades postas ao serviço das
forças vivas dos partidos, as quais parecem hesitantes para levar esta Nisa do
séc. XXI a caminho do Desenvolvimento que tem sido letra morta e onde,
curiosamente, já comungaram todas as bandeiras partidárias, incluindo rostos.
Pela nossa parte, cremos que, venha quem vier dos rostos repetentes ou
passadistas a pegar no nobre pendão da Câmara, mais não se adiantará do que
ficar no rol do papel prometedor, mormente essa vaga de projectos até agora
inconcretizáveis no âmbito da Economia concelhia – que é o “bico d´ obra”
fatalista que Nisa tem sido desde há décadas, repletas de palavrosos marasmos.
E, se Nisa tem potencialidades! Oh, se tem!
Ninguém as vê?! Agarre-se pelo menos, numa delas, e caminhe-se para a
concretização plena. Agora, projectos ambiciosos, cujos “edifícios” se começam
pelo telhado, como aconteceu com a “célebre” Estalagem do Tejo? Ali ficou! Ali
está, altaneira e só!
Não é só pensar em “consolidar votos”, em fazer demográcia pela
democracia. A verdadeira revolução, ou mesmo reformismo, é Fazer e Fazer Bem,
com o verdadeiro norteamento de servir a Todos e não só a alguns, ou sonhar com
quimeras de paisagem que nada têm a ver com a transformação da realidade, mas
aquela que gera a riqueza e os empregos.
O que pensarão os potenciais candidatos ou quem se perfila parece que à
espera certa do surgimento de “andor”, duma economia a sério para o concelho de
Nisa, quanto a nós “Barca” demasiado grande para ser concentrada na velha praça
do Município, dia após dia, como no tempo em que os lagartos dormiam ao sol e
Lisboa era de um outro mundo?
Pareceu-nos ouvir “rufar tambores” em favor de uma estratégia. Porém,
quantas estratégias não tem havido, com arrobas de palavras e demasiado
egocentrismo vedetista?
Perguntamos, com a devida vénia: Já algum nosso bravo Edil conseguiu
atrair o investimento a Nisa, a não ser o caso estrito dos granitos de
escoamento garantido?
Onde está o Queijo de Nisa? Onde? A sul de Portalegre e fora da velha
Corte das Areias?
Quem se preocupa concretamente com uma verdadeira certificação da marca
que detém o nome da notável vila de Nisa, quando o próprio queijo, primeiro que
tudo, deveria ser feito numa “fábrica-piloto” e na própria sede do concelho,
para dar o exemplo de autêntica produção artesanal, firmemente artesanal.
E a vertente enorme de turismo do Interior, hoje apreciado como o
turismo da tranquilidade? Não vamos por ora, falar disto. Na altura própria
voltaremos a este tema que tem pano para mangas...
Hoje, uma Autarquia do Interior, como Nisa não pode (ou não deve) viver
voltada para si própria. Já se falou em capacidade consequente em oferta de
amplas facilidades a quem se propõe fundar empresas e empregos diversificados
neste concelho de enorme vínculo territorial?
Já se falou num certo esforço em renovar uma sociedade rural no âmbito
do tecido empresarial agrícola, ainda que cooperativista ou não? Já se falou em
publicitar vivamente o território concelhio no exterior, exaltando as suas
potencialidades naturais, tanto no domínio do lúdico (caça e pesca
desportivas), como na produção de bens de variada índole, para quem queira
trabalhar e... Desenvolver?
Esta nos parece a verdadeira essência do Neo-Autarquismo que se
avizinha, com os desafios inerentes ao final do primeiro lustro de um tempo...
em que não se deve perder mais Tempo.
Já chega, caras Senhoras e Senhores da nossa terra!
Carlos Franco Figueiredo in "Jornal de Nisa" - nº172 -
22/12/2004