A QUEM APROVEITA?
O urânio nos últimos anos atingiu preços astronómicos. Esta
situação deve-se à selagem de várias explorações que havia em países onde
predominavam ditaduras e que hoje vivem em democracia.
Antes, as pessoas (mineiros) tinham de trabalhar nessas
explorações porque eram obrigados pelo regime a caminhar para a morte
prematura, pois que a sua duração de vida, normalmente, não ultrapassava os 40
anos e alguns destes anos de vida já eram de sofrimento, mas a sua recusa
também tinha problemas e muitas vezes a vida ainda era mais abreviada. Todos
sabemos que era assim...
Felizmente, para muitos destes povos, a situação é hoje
muito diferente, porque os novos dirigentes acabaram com a exploração deste
maldito minério, que é o pior que existe no planeta Terra, pois até no seu
estado natural mata, porque é radioactivo.
Depois, em todas as suas aplicações, continua a matar, em
centrais, bombas e submarinos nucleares, etc., etc. e ainda com a agravante de
não se saber como guardar todos estes detritos, sobre os quais ninguém sabe o
seu “comportamento”, nem a duração do perigo que representam e que se estima em
centenas ou milhares de anos.
Há, no entanto, pessoas para quem só o dinheiro conta, não
olhando a meios para conseguir os seus fins.
Esta espécie humana, que hoje em dia aparece em várias
actividades, são pessoas mentalmente afectadas, porque só o dinheiro fácil os
preocupa, sem saber que eles próprios e seus familiares, um dia poderão ser
afectados pelo seu péssimo procedimento.
Não vamos permitir que esta espécie humana venha destruir o
concelho de Nisa, pois temos exemplos concretos dos males provocados pelo
urânio em todo o mundo.
De facto, não precisamos de ir lá fora em busca de exemplos,
pois temo-los em Portugal, na Urgeiriça, onde houve exploração e urânio, que
nos mostra com total clareza os seus efeitos.
Ali havia vida e alegria, hoje há angústia e sofrimento.
É um local já com grande dimensão aonde não é possível viver
em segurança, nem novos nem idosos, as crianças que aparecem com doenças
cancerígenas e também os idosos. Não há vida aquática, devido à contaminação
das águas e a vegetação de todo o tipo, até as árvores, vão morrendo, numa
morte originada pelas poeiras radioactivas, provenientes da exploração que o
homem ali provocou.
O gás radioactivo chamada radão é altamente perigoso e
segundo os entendidos, desloca-se com o vento aumentando, cada vez mais, a sua
área de perigo.
Tudo isto é provocado pela ganância de alguns humanos,
sempre o dinheiro fácil, mesmo que estejam em perigo milhares de vidas humanas.
Será isto que queremos para o concelho de Nisa?
Provavelmente, não!
Eu pergunto: quando se fala no desenvolvimento do concelho,
com alguma pompa, para que servirá o edifício das Termas, já de si exagerado,
que está quase concluído?
Eu direi: para nada, pois a cerca de 400 metros está um filão
do maldito minério.
As poucas explorações de lavoura que existem, mais algumas
em fase de desenvolvimento, o famoso Queijo de Nisa, os enchidos, o
desenvolvimento da Zona Industrial, para que servirá tudo isto?
Se a exploração do urânio for por diante, eu direi: para
nada. Porque 15 ou 17 anos depois tudo estará a morrer, desertificado, sem
interesse, levando as pessoas a procurar outros sítios, como está a acontecer
na Urgeiriça. (Para maior esclarecimento veja-se o filme que passou na SIC em
16/9/07 sobre a referida localidade e os problemas das poucas pessoas que ainda
lá vivem).
Se não é isto que queremos para o nosso concelho, aonde
estão os representantes do povo? Que têm feito para esclarecer as pessoas sobre
os perigos que as esperam?
Têm o dever de informar, com verdade, a população de todo o
concelho e informar os nossos governantes de que não iremos consentir tal
exploração.
É preciso criar postos de trabalho, mas não desta maneira,
isto não traz benefícios para Nisa, traz, sim, miséria, doença e
desertificação.
Creio que o senhor primeiro-ministro, Engº José Sócrates,
que é uma pessoa competentíssima, com grande capacidade de análise e justiça,
não irá consentir que tal exploração vá por diante.
Mas é preciso alertar as pessoas atempadamente, para não
depararmos com factos consumados e são os eleitos do povo, pagos com os nossos
impostos, que têm o dever de lutar para sanar de vez o problema.
Não podem ficar de braços cruzados e sem nada fazer, esperando
apenas pelos acontecimentos que, a serem concretizados, serão fatais para o
concelho.
Joaquim Costa - in "Jornal de Nisa" - nº 243 -
14/11/2007